terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O RENASCIMENTO DAS CULTURAS ANCESTRAIS AMERÍNDIAS

Incas, Maias e Astecas e os ciclos cósmicos*

A chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, nem de longe marcou o descobrimento do continente americano. Pesquisadores estimam que no momento em que os europeus aportaram, a terra já era habitada por cerca de 50 a 80 milhões de pessoas.

Os povos pré-colombianos, como passaram a ser conhecidos, eram de uma diversidade cultural impressionante, havia grupos nômades, que desconheciam o uso de metais e formavam comunidades relativamente simples, assim como sociedades complexas e impérios que os europeus, no seu afã de catequizadores e espoliadores, sequer imaginaram ou entenderam.

No mapa arqueológico e antropológico da América, ganham destaque duas áreas: a região andina, onde atualmente estão localizados o Peru, Bolívia e Equador (onde surgiram culturas como a Chavin, Moche, Nazca, Tiwanaco, e Inca) e a mesoamérica, conceito criado na década de 40 do século XX para descrever a área que compreende a América Central e sul da América do Norte que compreende territórios do México, Guatemala, Belize e Honduras (terra de civilizações como a Olmeca, Tolteca, Teotihuacana, Maia e Asteca).

Nessas tradições indígenas a vida foi medida por ciclos cósmicos que se sucediam como as estações do ano. O admirável conhecimento dessas culturas lhes possibilitaram conhecer tanto os ciclos que envolvem o planeta Terra, quanto os ciclos do céu através dos astros celestes e até os ciclos das criaturas vivas, inclusive o homem.

"Senhores do Tempo", os Maias possuíam um "calendário" de 260 unidades chamado de Tzolkin, que era o resultado da multiplicação de dois números sagrados, o 13 e o 20 (13x20=260). Funcionando como uma matriz, o Tzolkin servia para calcular e sincronizar diversos ciclos, um exemplo é a gestação humana que dura 273 dias (260+13).

Para os povos mesoamericanos , inclusive os Maias e Astecas, a atual humanidade teria sido precedida por quatro eras anteriores, chamadas de sóis, estaríamos, portanto, vivendo o "Quinto Sol". Semelhante tradição é encontrada na cordilheira dos Andes, onde grandes ciclos cósmicos foram chamados de Inti ou Sol, cuja duração seria de mil anos. Cada Inti era composto de duas metades de 500 anos cada uma, chamando-se Pachakuti cada meio Inti . Cada ciclo Pachakuti se identifica com a noite ou com o dia (um período de escuridão e outro de luz) e representa uma renovação da Terra, do tempo e do espaço, o caos transformador do mundo assinalando o início de um novo ciclo ou o amanhecer de um novo dia.

Para os Maias e Astecas também haveria um momento de mudança planetária. O ano de 1992 marca o início do último katun (período de mais ou menos vinte anos) do 13º baktun (144.000 dias ou pouco mais de 394 anos) do Grande Ciclo dos Maias de 1.872.000 dias ou 5.200 tun, que se encerra em 2.012. Já a tradição Tetzkatlipoka do povo Mexihka ou Asteca permaneceu oculta durante 468 anos (de 1521 até 1989) e, desde 1991, é aberta a todos que buscam a mais alta qualidade de vida e do desenvolvimento do ser humano.

Novamente coincidente com as culturas mesoamericanas, este amanhecer se manifestou, segundo a tradição andina, a partir de 1992, quinhentos anos após a chegada de Cristóvão Colombo à América, é o décimo Pachakuti e será marcado pelo retorno da sabedoria ancestral junto ao respeito e amor à Pachamama (para os Andinos) e Tonantzin (na língua nahuatl dos Astecas), ambos nomes dados à Mãe-Terra.




O Renascimento das Culturas Ancestrais Ameríndias
Parte II
O Ponto de Mutação

Para que se manifestasse uma cultura realmente global e planetária, a expansão promovida inicialmente pelos europeus, a partir do século XV, sobre a égide do capitalismo que se afirmava, foi um meio doloroso que, como um difícil parto, trouxe à luz a aldeia global.

Os ciclos de tempo que regem a dinâmica histórica dentro da perspectiva cósmica anunciam que, cumprida a expansão Yang/ masculina da civilização ocidental, industrial, capitalista, urbana e individualista, uma inversão da polaridade histórica está ocorrendo.

Neste novo tempo, Yin/feminino, amoroso, intuitivo e solidário, o retorno às culturas arcaicas soa como um chamado, inclusive anunciado através das inúmeras profecias indígenas que previam a pacificação do branco e a tolerância e união dos povos.

Na Profecia do Arco-Íris, de tribos da América do Norte, os seres humanos irão se reconhecer como irmãos, gerados em um sublime e divino ato de amor pela mãe-terra, Pachamama.

Existe uma profecia tibetana que anunciou a invasão chinesa e o deslocamento da polaridade energética planetária do hemisfério norte - que tinha na região do Himalaia sua fonte irradiadora e seu Axis Mundi no monte Everest ou Sagarmatha de 8.848m.s.n.m. - para a região da cordilheira dos Andes na América do Sul, sendo o Aconcágua, com 7.021 metros, seu pico sagrado.

Surpreendentemente, os pontos mais altos dos dois hemisférios do planeta, representados pelo Aconcágua no sul e Everest no norte, encontram-se ambos entre as latitudes 20o e 40o (sul e norte). Além disso, enquanto a cordilheira do Himalaia segue as longitudes de 70o a 90o leste, a cordilheira dos Andes está entre 60o e 80o de longitude oeste.

Também não deixa de ser surpreendente que uma profecia idêntica tenha sido revelada ao Aj'qij (xamã ou sacerdote do povo Maia dos altiplanos da Guatemala) Gerardo Kanek Barrios, pelos anciões deste povo. Em um de seus encontros com os anciões, ele levou um mapa mundi e o mostrou a um sábio maia que sorriu e, mesmo sem nunca ter visto um mapa do globo, lhe indicou o Tibet e revelou que dali partiu a corrente energética que deveria percorrer a coluna vertebral do planeta - representada por cadeias de montanhas - passar pela China, subir a parte oriental da Rússia, atravessar para o Alaska e dali "descer" pelas Montanhas Rochosas na América do Norte até o México, seguindo pela Guatemala e resto da América Central até ser detida pelo Canal do Panamá, que, segundo o ancião, estaria bloqueando seu caminho.

Superado o bloqueio, manifestado pelo canal administrado pelo EUA, a energia se dirigiria ao sul em direção à Amazônia para depois tomar o rumo dos Andes peruanos e bolivianos, ativando os centros energéticos da Pachamama.

Atualmente muito já se sabe e foi difundido sobre as tradições e sabedoria dos povos orientais como chineses, hindus, japoneses e tibetanos; porém, coerente com a idéia de alternância de polaridades, a cultura ameríndia deve ser resgatada e reexaminada; não para substituir os ensinamentos e tradições de outros povos, mas somar a esses, num processo dialético para estabelecer a síntese de uma cultura planetária comprometida com a Terra e com as gerações futuras de seres humanos.


*Texto publicado originalmento no Jornal Shambala

Um comentário:

Editorial Agartha disse...

Bom trabalho. Uso a tradição egípcia do ciclo-fênix de 500 anos e o calendário Cronocrator dos milenios. Conheça também o nossos blogs, como
http://cartografia-da-transformacao.blogspot.com/
abraço
luis