sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O CAMINHO SAGRADO DO POVO GUARANI*

“Quando Nhanderu fez o mundo, ele fez também os caminhos!”

O povo Guarani tem um profundo respeito pelos caminhos. O “caminho”, o “caminhante” e o “caminhar” são realidades e conceitos preciosos dentro do seu complexo mundo cultural.
Tanto que eles, notadamente os mbyás, orgulhosamente se autodefinem como “tapejaras”, palavra que algumas vezes vezes aparece traduzida como “povo sempre em movimento”.
Conforme relatou Werá Tupã à pesquisadora Rosana Bond:
“Nós somos tapedjá porque sempre estamos no caminho. Falam muita coisa, mas de verdade essa palavra significa ‘guardião dos caminhos’. Não quer dizer só guia de estrada, mas também do caminho espiritual,”
Os Guarani sacralizam as caminhadas, chamadas “oguatá”.
Segundo Celeste Ciccarone: “Oguatá, a caminhada, é a representação do percurso da reatualização do mito original da fundação do mundo mbya (guarani) e de seus heróis fundadores: a existência do mundo terreno se faz e é feita pelo movimento, nomeando o espaço, rompendo o território, redescobrindo e reconquistando o mundo”.
“A migração é a celebração e a lamentação dos mbya sobre o mundo natural e humano. Um rito de identificação de um povo que não pára, um povo que caminha no espaço vivenciado como um campo de constante travessia, movimento e reciprocidade, uma comunicação de palavras, bens, mulheres e homens que circulam initerruptamente”.
A antropóloga Flávia de Mello diz que nas caminhadas, até os dias atuais, está um desejo da tribo de imitar os deuses, além de ser um reforço aos poderes dos xamãs:
“Oguatá Porá significa literalmente boa caminhada. O caminhar tem uma conatação cosmológica fundamental para os Guarani.
(...) É a forma com que os deuses construíram o mundo, e o caminhar pelas distintas aldeias, reconstruindo suas casas, roças, suas vidas enfim, reproduz essa conduta (das divindades).
(...) Em sentido mais amplo, oguatá é uma metáfora para ‘viver’. As oguatá, ato de caminhar, ou as ‘viagens’, são ações fundamentais para a aquisição e a utilização dos poderes xamânicos”.


* Resumo retirado do livro "História do Caminho de Peabiru - Volume I" de Rosana Bond

domingo, 22 de agosto de 2010

LUGAR DE PODER*

"Dentro da tradição Americana Nativa acreditamos que a Mãe Terra é um ser vivo. Quando um ser humano se dirige a um Lugar de Poder, a atenção da Mãe Terra é direcionada para aquele ponto, e a energia começa a fluir mais fortemente naquela área, já que tanto os nossos corpos quanto o dela estão carregados de eletromagnetismo.
Nossa Mãe Terra possui linhas de energia que se assemelham bastante aos meridianos energéticos do corpo humano. O Povo de Pedra equivale aos nossos ossos, e o solo se compara à nossa carne. As águas de nosso planeta representam nosso sangue, e formam as marés de nossas emoções. Os Lugares de Poder se criam toda vez que a energia se concentra numa só área. Os Seres-Trovão re-energizam nossa Mãe Terra – já que ela é magnética por natureza – através da força do relâmpago. Os Bastões de Fogo, ou raios, abrem caminho até as áreas que já tiveram sua energia drenada por causa do mau uso feito pelo ser humano.
A Mãe Terra fornece de boa vontade a energia necessária para sustentar os corpos físicos dos seres humanos ou das outras Criaturas que necessitam de apoio.
Temos a capacidade de catalisar os elementos, e de influir nas condições planetárias. Possuíamos a habilidade de direcionar nossos pensamentos para poder influenciar os meridianos de energia que alimentam a Terra.
A Ligação com a Terra fornece a energia necessária para que possamos desenvolver nossos dons, habilidades e talentos naturais.
Quando esse dom é descoberto e utilizado de forma adequada, nós nos tornamos simultaneamente doadores e receptores. Tornamo-nos antenas vivas, ou pontes que possibilitam a troca de energia entre a Mãe Terra e a Nação do Céu, à semelhança dos Seres-Trovão."

*Resumo retirado do livro As Cartas do Caminho Sagrado de Jamie Sams